Leite de soja é seguro?

Outro dia recebi um vídeo mostrando uma entrevista com uma mãe dizendo que sua filha tinha entrado na puberdade muito antes do tempo porque tomava muito um tipo de refresco de soja. A matéria fez com que inúmeras pessoas, desde amigos e familiares a pacientes me ligassem me questionando a respeito… Então vamos lá desvendar mais esse mito.

Os refrescos à base de soja são uma mistura de água, soja, suco de fruta, açúcar e aromatizantes, e em termos nutricionais não são nada nutritivos pois apresentam altos teores de açúcar e uma baixíssima quantidade de soja e fruta. São refrescos e não devem ser confundidos com os leites de soja.

Há mais de 60 anos, os leites de soja são oferecidos às crianças desde o nascimento sob a forma de fórmula infantil e diversos estudos já foram realizados pra testar a segurança desses produtos nas crianças, não havendo até o momento nenhuma comprovação científica de que causem algum malefício a uma criança nascida a termo e saudável. A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria inclusive orientam o uso dessas fórmulas infantis à base de soja como alternativas seguras e eficazes ao leite materno para lactentes desde o nascimento embora a Sociedade Brasileira de Pediatria só recomende esse uso apenas a partir dos 6 meses. Na prática, muitas crianças que têm intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca (APLV) acabam utilizando essas fórmulas antes mesmo dos 6 meses pois são muito mais baratas que as fórmulas indicadas no tratamento da  APLV.

Mas se são realmente seguras, de onde vêm esses boatos e por que eles surgem?

A desinformação da população em geral aliada ao desconhecimento de alguns médicos acaba provocando muitas confusões e gerando informações equivocadas que eu tentarei elucidar aqui.

O principal questionamento quando se fala da soja é a presença dos fitoestrógenos, que são hormônios naturais contidos na soja. Esses hormônios teriam ação semelhante aos estrogênios produzidos no nosso organismo e dessa forma estaríamos ingerindo hormônios quando tomamos leite de soja. Esse raciocínio está correto, mas falta uma informação importantíssima: esses hormônios quando chegam ao nosso organismo eles ficam em uma forma inativa e que não é capaz de exercer nenhuma função. A teoria é boa mas em Medicina precisamos de evidências e embora as concentrações sanguíneas desses fitoestrógenos realmente estejam aumentadas nas crianças que tomam leite de soja em comparação com as que tomam leite de vaca, nenhum estudo conseguiu provar que esses hormônios causem algum dano ao organismo infantil, seja no desenvolvimento de caracteres sexuais e no sistema reprodutor, seja no sistema imunológico, no  crescimento e desenvolvimento.

Agora, vem outra questão a meu ver muito mais séria: atualmente quase toda a soja que consumimos é transgênica e aí sim fica a minha preocupação…

Outro ponto a ser levantado também é a qualidade do leite de vaca que dispomos no mercado. Se estamos preocupados com a quantidade de hormônios da soja (hormônios esses naturais e que já vimos que não têm efeito no nosso organismo), o que fazer com o leite que vem de uma vaca que recebeu doses absurdas de hormônios para poder “fabricar” muito mais leite do que seu organismo produziria normalmente e ainda recebe altas doses de antibióticos porque suas tetas ficam inflamadas durante a extração do leite? Pra onde vão esses hormônios e esses antibióticos? Pensamos nos hormônios da soja mas nos esquecemos dos hormônios utilizados nos animais para que cresçam rapidamente e nos sirvam de alimentos, como é o caso também das galinhas… Uma alimentação baseada em produtos de origem vegetal é sinônimo de saúde e bem estar.

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